metrópole

corri, na noite, rua suja
fétido chão, a passos largos
ofuscado por cinzas
as almas nuas
por entre sepulturas
carros

sem ter um fim
sequer propósito
corri dali buscando o óbvio
a obstrução que ali jazia,
desinteressava a meu
óbito.

in[ter]venção

o negro no branco
ou nem tão branco assim
se sujam, lambusam
de letras abusadas
o negro imprime
o branco expressa
ambos, seresta, sertão
poesia nos muros
escrita a carvão.

aviso prévio

vendo
tudo
tendo
surto
grita
mudo
sendo
curto
o vento
o tempo
o beijo agudo
o qual jamais
eu me iludo
e bebo a vida
num canudo
- que venha armado
o fim do
mundo!

marginais

que se exploda o mundo!
foi-se o tempo do Senhor
a Senhora nem passou

perderam-se na marginal
onde explodiam coquetéis
de piche, de graxa, fumaça
caminhos de navalha

sem provar do molotov
nem cachê para o engov
nove pedras no gatilho:

três para o mundo
três para o santo
três para o filho.